Sexta-feira, 2 de Março de 2012

Mais logo, às 00:55 na RTP2:

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 12:53
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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2012

EUGÉNIA MELO E CASTRO - 25 ANOS DE TERRA DE MEL

EUGÉNIA MELO E CASTRO - 25 ANOS DE TERRA DE MEL

A voz doce de Eugénia Melo e Castro, num concerto inesquecível.

RTP2

2012-03-02, 01:00h

 

Eugénia Melo e Castro apresenta-se num concerto
comemorativo dos 25 anos do lançamento do seu primeiro disco "Terra de Mel" de 1982. A cantora apresenta alguns dos temas de maior sucesso da sua carreira, de acordo com o seu momento actual.

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 00:33
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Sexta-feira, 20 de Janeiro de 2012

Roda de Choro de Lisboa convida Eugénia Melo e Castro

24 Janeiro na CASA de LAFÕES às 22h30
Rua da Madalena, 199, 1º, Baixa, Lisboa

 

Eugénia Melo e Castro, cantora portuguesa que conta com mais de 30 anos de uma carreira impressionante: a partir da década de 80 começa a estabelecer uma parceria autoral e vocal com alguns dos mais consagrados artistas brasileiros, como Tom Jobim, Chico Buarque, Gal Costa, Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Simone, Gonzaguinha, entre muitos outros.
Esta cantora apaixonada pela música brasileira e pioneira em estabelecer pontes entre Portugal e Brasil é a convidada especial da Roda de Choro de Lisboa para esta noite que se prevê inesquecivel e extraordinária!
Eugénia e a Roda prepararam um cocktail apaixonante de temas intimistas que fazem parte do imaginário colectivo de todos nós.

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 23:05
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Quarta-feira, 21 de Dezembro de 2011

Um gosto de Sol

Chama-se “Um gosto de sol” e é o mais recente trabalho discográfico de Eugénia Melo e castro. Para os mais desatentos este é já o 25º trabalho discográfico da cantora (entre cds originais, relançamentos, discos ao vivo e colectâneas) que comemora este ano 30 anos de carreira! O disco que tem agora lançamento no Brasil e que chega a Portugal para o próximo ano, merece desde já figurar entre os melhores discos da cantautora, é um regresso à Eugénia dos saudosos “Terra de mel” (1982) e “Águas de todo o ano” (1983) vocalmente e musicalmente falando, mas com uma pitada de modernidade e futuro como no marcante “Paz” de 2002.

Gravado em Belo Horizonte, “Um gosto de sol” junta a música de Minas Gerais a Portugal, recupera algumas das mais bonitas composições do Clube da Esquina e exceptuando “Maldição” (o popular fado de Alfredo Duarte e Armando Vieira Pinto) todas as restantes canções são de autores “mineiros” como Milton Nascimento, Beto Guedes, Ronaldo Bastos, Márcio Borges ou Fernando Brant. O disco abre com a lindíssima “Um gosto de sol” (Milton Nascimento/ Ronaldo Bastos) que Eugénia já tinha gravado em “Águas de todo o ano” e termina com “Vinheta do Bituca” (Milton Nascimento) que conta com a participação da actriz Débora Falabella a recitar “Estrada real” poema de Afonso Ávila.

Pelo meio momentos inesquecíveis como a delicada “Luz e mistério” (Beto Guedes/ Caetano Veloso), “Cais” (Milton nascimento/ Ronaldo Bastos) com um excerto de “Hora absurda” de Fernando Pessoa, “Vaga no azul” (poema de Fernando Pessoa musicado por Milton) num feliz dueto entre Eugénia e Milton Nascimento, “Fogo de palha” (Toninho Horta/ Eugénia Melo e Castro),“O cerco” (Wagner Tiso/ Eugénia Melo e Castro), uma nova leitura da obrigatória “Dança da lua” (Túlio Mourão/ Ronaldo Bastos) e a já citada “Maldição” fado aqui transformado em canção num momento completamente arrebatador e de uma contenção assinalável. Chico Amaral, Toninho Horta, Wagner Tiso e Túlio Mourão são outros dos convidados especiais neste trabalho produzido exemplarmente por Robertinho Brant, e não estaríamos longe da verdade ao dizer que alguns dos mais bonitos momentos musicais de 2011 vieram pela voz de Eugénia Melo e Castro com “Um gosto de sol”.

 

Jonas Santos

Autor do blog “ A luz do meu caminho”

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 19:10
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Quinta-feira, 11 de Novembro de 2010

Lançamento

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 00:30
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Domingo, 14 de Março de 2010

Programa Atlântico - Maria Bethânia & António Alçada Baptista

 

 

 

 

 

 

 

 

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 02:38
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Sexta-feira, 5 de Junho de 2009

Entrevista ao Jornal do Algarve


 

29/05/09

 

Eugénia Melo e Castro, uma das grandes vozes da música nacional, esteve recentemente no Algarve. O Jornal do Algarve Magazine aproveitou a oportunidade para entrevistar a artista, que passa grande parte do seu tempo no Brasil. Eugénia falou-nos das razões que a trouxeram a terras algarvias e dos seus projectos actuais e futuros. A cantora expôs ainda ao JA Magazine as diferenças entre a indústria musical portuguesa e brasileira,
 
Jornal do Algarve Magazine - A que é que se deve a sua presença aqui no Algarve, em Monte Gordo?
 
Eugénia Melo e Castro - Eu vim a convite da Susana Travassos, passar o fim-de-semana, porque conheci a Susana através dos projectos dela. É uma jovem que quer fazer carreira, que tem ideias muito concretas e muito firmes, e que me despertou interesse porque quando a ouço falar é como se me estivesse a ouvir falar há muitos anos atrás, portanto acho que isto é uma continuação gira. Acho que é uma pessoa completamente diferente de mim, com uma voz extraordinária, e é de outra geração. É 25 anos mais nova que eu, tem tantos anos como eu de carreira. Essas coisas são revigorantes.
 
 
J.A.M. - E curiosamente ela começa a cantar também música brasileira sem sotaque, não é verdade?
 
E.M.C. - Sim, ela tem mais ou menos a mesma ideia da música, dos sons da língua portuguesa na música, acho que isso é muito importante, é importante que ela esteja sempre à procura de coisas novas e questione as existentes, que são pontos que foram importantes para mim, também. Ela fez isso por ela mesma, faz-me não me sentir assim tão sozinha quando passava por essas coisas.
 
 
J.A.M. - Portanto conheceu o trabalho dela, e depois encontrou-a no Brasil. Encontraram-se em São Paulo, certo?
 
E.M.C. - Exactamente, ela estava a fazer apresentações em São Paulo e para mim foi interessantíssimo conhecer pessoalmente o espectáculo dela, e gostei imenso. Foi digamos que amor à primeira vista.
 
 
J.A.M. - Mas ela também foi assistir a um espectáculo seu. Começou aí a nascer uma grande amizade?
 
E.M.C. – Exacto, porque eu percebi que a Susana é uma pessoa com muita garra, com muita força, que sabe bem o que quer. É muito nova mas é muito segura das suas intenções e das suas afirmações, parece ter uma bagagem de informação, cultural e musical enorme. E humana também.
 
 
J.A.M. - Toda a gente sabe que fazer carreira no Brasil não é fácil, mas a Eugénia tem tido reconhecimento e cantou ao lado de grandes vozes brasileiras, como Tom Jobim, Caetano Veloso, Ney Matogrosso. Qual é a diferença no público, nos críticos e na forma como o artista se impõe no Brasil e aqui em Portugal?
 
E.M.C. - São mercados completamente diferentes, desde a estrutura ao tamanho, Portugal é um mercado pequeno, mas tirando esse factor geográfico e nacional, há uma posição positiva em relação ao Brasil, de resolver as coisas, de vamos fazer, não complicar, de viabilizar. As pessoas fazem parcerias umas com as outras, embora não queira dizer que não exista rivalidade, que não exista competição. Há uma rivalidade positiva, e muitas vezes as pessoas juntam-se para fazer as coisas melhor.
 
J.A.M. - E também é mais fácil impor um certo tipo de música no Brasil, um certo estilo muito diferente do comercial que se ouve muito em Portugal?!
 
E.M.C. - Sim, o Brasil é um país extremamente musical e o seu tamanho proporciona que cada gueto, digamos, musical, seja um gueto com um mercado próprio, portanto que se auto-sustenta. Ou seja, se eu sou uma cantora de blues, eu tenho os meus seguidores de blues garantidos, e ainda posso ir buscar uns ao samba, outros ao jazz... ou seja, há espaço para fazer carreira nos vários estilos musicais. Em Portugal, o que acontece é que os espaços para todos os tipo de música são muito pequenos.
 
J.A.M. - A Eugénia ainda fez aqui em Portugal um programa para tentar inverter um pouco essa situação. Chamava-se Atlântico. Qual era a filosofia do programa?
 
E.M.C. - A filosofia do programa era juntar artistas de Portugal e do Brasil para cantarem e fazerem música juntos. Houve grandes sucessos nessa empreitada. Quando eu comecei, era muito estranho alguém ir ao Brasil e trazer compositores brasileiros para cá, mas hoje em dia é um universo muito normal, já não é uma coisa que estranhe a ninguém. E agora lanço sempre os meus discos no Brasil e em Portugal.
 
J.A.M. - Qual foi o último? E qual é o próximo?
 
E.M.C. - O último lançamento aqui em Portugal foi o PoPortugal, que foi em 2007. No Brasil saiu o PoPortugal, em 2008, e saiu agora um disco de duetos totalmente remasterizado que ainda não saiu em Portugal mas vai sair lá para o Verão. É um disco de 30 anos de carreira. E está para sair até ao fim de 2009 o novo Cd UM GOSTO DE SOL, que já está gravado e pronto.
 
J.A.M. - Vive em São Paulo?
 
E.M.C. - Quando estou no Brasil, a minha residência é mais em São Paulo. Foi durante uns anos o Rio, hoje em dia é São Paulo. O último disco que eu acabei de gravar,  que ainda não saiu, é um disco de homenagem a Minas Gerais e foi gravado em Belo Horizonte. Portugal tem muito em comum com Minas Gerais, há um tipo de personalidade que se desenvolve numa terra fechada... As pessoas são muito da terra que são. Para mim, Minas Gerais é o Estado brasileiro mais português em tudo, até na comida, na maneira de ser... Mas eu moro em Lisboa, a minha residencia fixa é sempre em Lisboa.
 
 
J.A.M. - E é mais fácil ter este tipo de produções no Brasil do que em Portugal. Ou não?
 
E.M.C. - É mais fácil fazer lá.  As leis de mecenato em Portugal funcionam muito mal. Minas Gerais, por exemplo, é um dos estados mais organizados em termos desse tipo de apoio. É uma coisa impressionante o que lá se passa, os mais velhos a trabalhar com os mais novos, em concertos em conjunto, e o governo a incentivar as empresas. Há incentivos de lei fiscal para espectáculos ao vivo, para teatro, cinemas, livros... As coisas funcionam e não há dúvida que daqui a uns anos vai-se ter um retorno imenso.
 
 
J.A.M. - Então e quais são os seus projectos, agora? Passam pelo Brasil... Mas também gostaria que passassem aqui por Portugal?!
 
E.M.C. - Eu tenho sempre esse ideia de ser convidada palra vir fazer espectáculos em Portugal e poder mostrar aquilo que ando a fazer no Brasil, porque há pessoas que acham que eu a certa altura deixei de cantar,  e eu não parei nunca...
 
J.A.M. - E continua a manter amizades com os músicos brasileiros e a fazer parcerias com eles?
 
E.M.C. - Sim, este disco novo tem um dueto com o Milton Nascimento . Eu continuo sempre a trabalhar. Eu procuro trabalhar com cantores e compositores que eu admiro,  que são os grandes mestres da música popular brasileira, e também aproveitar a garotada que está em termos de música com imensas coisas novas, sons extraordinários e toda uma criatividade e uma qualidade incrível.
 
 
J.A.M. - A Eugénia vinha muito para o Algarve quando era mais jovem?
 
E.M.C. - Eu tenho uma ligação muito forte ao Algarve. Mais com a ilha de Faro. Os meus pais tinham um grande grupo de amigos, a Sophia de Mello Breyner, o Manuel Baptista, o Vespeira, sei lá, eles faziam parte de um círculo de intelectuais... O meu pai é poeta e escritor e a minha mãe também.  Alugavam aquelas casas ali na ilha de Faro, as casas que os pescadores deixavam no Verão. E nós ficávamos ali dois meses, três meses, na praia à solta. E depois passámos a ir para a praia da Rocha que também era um paraíso.
 
 
J.A.M. - Portanto cresceu no Algarve...
 
E.M.C. - Eu passava três meses por ano, todos os anos no Algarve. Comecei a vir mais para esta zona de Monte Gordo e Tavira há cerca de 10 anos..
 
 
J.A.M. - E como é que vê a evolução do Algarve...?
 
E.M.C. - Vamos só falar das coisas que melhoraram. Tem uma nova  ciclovia extraordinária que liga o Algarve de ponta a ponta !!!  O único desporto que eu faço é andar a pé e de bicicleta, são as coisas de que mais gosto. Sou incapaz de me enfiar num ginásio. E o Algarve tem um cheiro especial... Eu já vi muitas praias, já frequentei praias de muitos locais no mundo, nada comparado ao Algarve. O cheiro do mar, da praia, não há nada igual.
 
Fernando Reis/Maria Zambujal
 
Marta Reis (foto)
Publicado por Eugénia Melo e Castro às 00:54
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Sexta-feira, 22 de Agosto de 2008

Entrevista- Revista Brasileiros - A DAMA PORTUGUESA !!

 

A descoberta do Brasil por Eugénia Melo e Castro

 

O lançamento de cinco CDs mostra por que a cantora portuguesa pode ser considerada a embaixadora de Portugal no Brasil. E vice-versa

 
Luiz Chagas, Revista Brasileiros
 
Eugénia Melo e Castro lançou 23 discos em Portugal, número que será igualado no Brasil com a chegada às lojas de nada menos do que cinco CDs de uma só vez. São eles Canta Vinicius de Moraes (1994), Eugénia Melo e Castro - Duetos (2000) e Desconstrução (2005), em que a música brasileira domina, além de Paz (2002) e PoPortugal (2008), que refletem sua atual fase. Dividindo-se entre Lisboa e São Paulo, onde grava e tem seus músicos, Eugénia é uma espécie de embaixadora flex Portugal-Brasil Brasil-Portugal, intercambiando o que esses países têm de melhor. Filha de um poeta concreto e engenheiro têxtil e de uma escritora, Ernesto Melo e Castro e Maria Alberta Menéres, e mãe de Ana Mariana, artista plástica que vive em Bruxelas, Eugénia vive só, por opção, e seu sucesso esconde uma vida de conquistas e superações às quais raramente se refere como fez nesta conversa com Brasileiros.
 
Predestinada, Maria Eugénia Menéres de Melo e Castro nasceu no dia 6 de junho de 1958, pouco depois de João Gilberto colocar violão em "Chega de Saudade" para Elizeth Cardoso cantar e pouco antes de o baiano gravar a sua própria versão para a canção de Tom Jobim e Newton Mendonça, inaugurando a bossa nova. Só que bem longe do Rio de Janeiro. Nasceu na fria Covilhã, Serra da Estrela, a 300 quilômetros de Lisboa, uma estação de esqui próxima de Belmonte, onde Pedro Álvares Cabral nasceu. Eugénia também descobriria o Brasil. À sua maneira. Quando visitou o País pela primeira vez, em 1981, sentiu-se em casa. O primeiro disco que seu pai lhe deu, aos 8 anos, foi A Banda, de Chico Buarque, e estava acostumadíssima com o jeito de falar dos brasucas, que aprendeu lendo revistas em quadrinhos, fotonovelas e pequenos romances editados aqui e lançados em Portugal sem quaisquer modificações.
 
Uma rápida consulta nas fichas técnicas dos discos de Eugénia revela uma espécie de "quem é quem" na música brasileira. Dos grandes nomes aos músicos de estúdio. E Eugénia se orgulha de ter conseguido esse feito com a cara e a coragem. "Eu não fiz um disquinho lá e depois vim aqui mostrar o que tinha feito, comecei logo com a parceria brasileira", diz ela, que, a bem da verdade, gravou sim uma demo (disco/fita de demonstração) que só chegaria aos ouvidos do público em 2001 - curiosamente Eugénia batizou a tal demo de Recomeço. Foi essa demo que levou à casa de Wagner Tiso, no Rio, a quem pediu que fizesse os arranjos daquele que seria seu primeiro disco, Terra de Mel, em troca das passagens para Lisboa. O músico se hospedaria na residência de Eugénia, um casarão de nove quartos situado na Rua da Escola Politénica, durante décadas uma open house lotada de brasileiros em trânsito, endereço que mantém até hoje.
 
Um desses hóspedes foi o gaúcho Kleiton, então perdido na Europa após a dissolução de seu conjunto Almôndegas, às vésperas de voltar ao Brasil e formar uma dupla com seu irmão Kledir. Eugénia levaria seis meses para dispor de tempo no estúdio para colocar a voz nas suas parcerias com Kleiton e com o músico brasileiro Yório Gonçalves, então radicado em Portugal. Lançado em 1982 pela Polygram portuguesa, Terra de Mel foi disco de ouro em uma semana e de platina em um mês, para surpresa geral. Logo depois, lá estava Eugeninha novamente no Rio implorando para Roberto Menescal, então diretor artístico da Polygram brasileira, lançar o seu disco aqui. Diante da insistência da portuguesa - que ameaçou acampar na porta da gravadora -, Menescal concordou, para "ver-se livre dela". "Nunca mais se livraram de mim e, passados três meses, já estava gravando meu segundo disco com parcerias de Caetano", orgulha-se a cantora.
 
O disco Águas de Todo o Ano (1983), cujo nome foi tirado de uma cidadezinha portuguesa onde chove todos os dias, trazia parcerias também com Vinícius Cantuária, Novelli e Tunai, além de "A Dança da Lua", de Ronaldo Bastos e Túlio Mourão, cantada com Ney Matogrosso, o maior sucesso comercial de Eugénia, seu cartão de visitas e até hoje cantada em shows. Até então, diz Eugénia, "eu era uma fofinha em Portugal, a glória, a melhor cantora, todos os prêmios, os Globos de Ouro". A partir do terceiro disco, Eugénia Melo e Castro III (1986), que considera o primeiro bem gravado e bem produzido, por Guto Graça Melo, virou maldita. O problema, avalia, foi ter insistido com o Brasil. Foi destruída. Insinuaram que só conseguia tantas estrelas para seus discos porque tinha casos com elas. Durante um tempo, tudo o que acontecia de errado com brasileiros em Portugal, até mesmo a invasão dos dentistas, era "culpa da Eugénia e seus amiguinhos". O bombardeio foi tanto que Eugénia sucumbiu. Como é seu costume, somatizou e ganhou uns três ou quatro tumores colados na tiróide que, quando foi tirada, levou junto uma corda vocal. Ficou quase oito meses sem falar, se comunicando com a ajuda de papel e caneta. Quando recuperou a voz, tinha como certo que nunca mais poderia cantar. Pois reaprendeu a falar e a cantar, fez enxerto de corda vocal em Chicago e mais um ano de tratamento. Conseguiu se levantar. Dezoito meses depois de Eugénia III, saía Coração Imprevisto, um disco apenas de voz e piano. Pouca gente sabe, mas aquela não era a primeira vez que Eugénia se reerguia.
 
A infância em Covilhã, povoada por Tio Patinhas, Pato Donald, Pateta, seu herói Peninha falando com sotaque brasileiro, foi interrompida pela doença. Aos 16 anos, Eugénia teve de ir para Londres tratar de uma leucemia no sistema linfático. Ficou dois anos internada no Royal Marsden Hospital, em Fullham Road, onde tinha de se enfiar diariamente por três horas dentro de um aparelho de tomografia axial computadorizada (TAC), um dos primeiros do mundo. Para pagar o tratamento, os pais venderam tudo o que tinham (a família era dona dos lanifícios de Covilhã) e ainda tiveram de enfrentar a ressaca do 25 de abril, levante militar de 1974 que derrubou, em um só dia, o regime fascista que vigorava em Portugal desde 1926. Não se podia tirar dinheiro do país. A única companhia de Eugénia era Alberta, a irmã mais velha, já casada na época, que alugou um apartamento ao lado do hospital. Era Alberta quem levava as fitas cassetes com músicas de Milton, Caetano, Chico, Elis, Gal, Tom, Gil, João Giberto e Nara Leão. Perdida, desenganada, tomada por tumores em todos os lados, a garota se agarrou à música brasileira. Não podia morrer, dizia, "porque não vou mais ouvir as músicas novas que ainda não foram compostas". Essa era sua maior aflição. Internada em um quarto com duas camas, a segunda quase sempre ocupada por árabes, Eugénia era a queridinha do hospital. Organizava corridas de cadeira de rodas, aprendeu a falar inglês e, no finalzinho, ainda teve tempo de estudar fotografia e cinema na London Film School. Assim, aprendeu a viver sozinha e a tomar decisões - a principal foi se recusar a tirar o útero. Quando saiu do hospital, queria ter um filho. Aliás, uma filha. E cantar. Foi nessa época que decidiu: "faço primeiro e depois comunico".
 
Quando chegou a Lisboa, com 18 anos, passou a se infiltrar em tudo o que se referia ao meio musical, artístico. Conhecia todo mundo. Chico Buarque ia cantar em Portugal? Lá estava Eugénia envolvida na produção, no camarim. Enxerida, cantava, fazia coro em discos e shows de artistas portugueses. Imaginava-se cantando com o português de Portugal no Brasil. Nunca se imaginou brasileira. "Sou portuga e quero trabalhar com 'eles'", repetia. Deixou de tomar a pílula feita especialmente pelos médicos ingleses, teve Ana Mariana e no dia em que seu marido a proibiu de cantar, enciumado com os shows e tudo mais, colocou uma tranca na porta e se divorciou. Chegou a viver quatro anos com Ronaldo Bastos, mas nunca mais se casou. Alega que, sempre que percebe que sua carreira vai ficar em segundo plano, entra em pânico. "Todos os homens que tentaram me segurar não conseguiram", afirma, completando, meio sem graça, "e eu não falo isso com muito orgulho. É pena".
 
Foi essa menina endurecida que desembarcou no Rio de Janeiro no dia 6 de janeiro de 1981. E que prosseguiu em sua luta fazendo sempre o que quis. Coração Imprevisto, o disco de voz e piano em cuja capa aparece deitada olhando para o teto, que é o que fazia em Londres e o que faz até hoje para relaxar, foi seguido por O Amor É Cego e Vê (1990) e Lisboa Dentro de Mim (1993), cheio de músicas antigas do cancioneiro português dos anos 1950 e 1960. Nada de fado. Eugénia jamais almejou ser fadista. Para ela o fado é uma canção regional de Lisboa que se tornou conhecida por causa de Amália Rodrigues. Segundo ela, a 15 quilômetros da capital ninguém canta fado, embora exista o fado estudantil de Coimbra, cantado por homens, e o fado marialva, de Ribatejo, muito machista, em que a mulher está sempre em segundo lugar. Fado não é alegre, no máximo tem humor. Como são viajantes, os portugueses são melancólicos, embora tenham um lado alegre. Um português parado é um português triste. Um português em movimento é um português alegre. Por isso há quem diga que os "brasileiros são portugueses à solta".
 
Entre os discos que estão sendo lançados figura o Canta Vinicius de Moraes. Eugénia havia prometido a João Araújo, da Som Livre, que lançaria, em Portugal, um disco de sambinhas do poeta. Na verdade, já havia escolhido as letras que Vinicius escreveu em um português coloquial, mais comum em Portugal, "porque tu me disseste, porque tu me chegaste". De fato, o filho do "Poetinha", Pedro Moraes, disse que um dos sonhos do pai era ouvir essas canções cantadas por uma portuguesa que não fosse fadista. O CD Paz marca a estréia de Eugénia compositora de melodias, Desconstrução é um CD duplo que traz composições de Chico Buarque devidamente "eugeneizadas" e PoPortugal traz regravações de sucessos recentes. São músicas de Tozé Brito, GNR, Pedro Ayres Magalhães, do grupo Heróis do Mar, Pedro Abrunhosa, Clã, Jáfumega, Antonio Pinho, Nuno Rodrigues e Pilar. O equivalente no Brasil seria um CD com músicas de Cazuza, Titãs, Paralamas, Marina etc. Anos 1980 em Portugal "pós-25 de abril". Segundo Eugénia, o trabalho foi muito bem recebido. O que não significa que tenha feito as pazes com Portugal. Ainda prefere ser vista como maldita.
 
À vontade, agora dividindo a responsabilidade musical com o paulistano Eduardo Queiroz e sendo acompanhada por músicos brasileiros, Eugénia tem três projetos. Um disco em inglês, a ser gravado em Nova York; um disco de canções infantis acoplado a um best-seller de sua mãe, "Conversas com Versos",  e um projeto secreto, que envolveria essas quase três décadas de relacionamento Brasil-Portugal. Sua maior força vem da família, que, segundo seu pai, é "o triângulo imbatível e o quadrilátero impossível", dada a união entre Eugénia, a mãe, a irmã e a filha. Deixando um flat inflacionado por um apartamento tranqüilo em Higienópolis, ela filosofa: "Agora que cheguei aos 50 anos, agora que percebi que não vou morrer antes da terceira idade, vou ter de aguentar. Envelhecer em Portugal é um desespero, é frio. Se puder optar pelo meu fim, quero me ver perdida aí em uma praia, rindo agarrada a uma garrafa de vinho tinto, com bom tempo, Havaianas nos pés, um short e tal". Na certa, esperando pelas músicas que ainda não foram compostas.
Publicado por Eugénia Melo e Castro às 03:30
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Quarta-feira, 23 de Julho de 2008

Uma voz, duas nações, um coração...

Por Toninho Spessoto, 21 de Julho 2008, blog Acordes

 
A cantora e compositora portuguesa Eugénia Melo e Castro é uma das mais importantes artistas contemporâneas. Profundamente ligada às tradições musicais de Portugal e Brasil, faz discos com canções dos dois países. Pelo Brasil tem profunda afeição e é respeitada por todos os grandes nomes da nossa música popular. Três de seus CDs estão sendo lançados aqui simultaneamente, pela gravadora Atração. Na verdade, trata-se de uma reedição e dois trabalhos inéditos.
 
 
Eugénia Melo e Castro Canta Vinícius de Moraes saiu originalmente em 1994 pela Som Livre. Co-produzido por Eugénia e Wagner Tiso, traz a intérprete criando algumas das mais belas canções de Vinícius, com a sabedoria de não somente a temas mais conhecidos. Ela explora, na maioria, obras pouco divulgadas do Poetinha. O resultado é deslumbrante. Eugénia dá leituras emocionantes a canções como Chora Coração (Vinícius/ Tom Jobim), Amor Em Lágrimas (Vinícius/Claudio Santoro), Canção do Amanhecer (parceria com Edu Lobo) e Medo de Amar (Vinícius). Participações especiais de Tom Jobim (em Canta, Canta Mais, uma de suas últimas gravações), Adriano Jordão (Derradeira Primavera) e Egberto Gismonti (Modinha e Canção do Amor Demais). Uma das faixas do disco original, Canção do Amor Ausente (Vinícius/ Baden Powell) não entrou nesta reedição.
 
Paz, de 2003, é inédito no Brasil, apesar de ter sido gravado em São Paulo. Foi lançado originalmente pela Som Livre em Portugal. Trata-se de trabalho conceitual, praticamente todo construído sobre poemas escritos por Eugénia Melo e Castro na adolescência e início da vida adulta. São versos que questionam valores como amor, ausência, solidão. Das treze canções, onze têm melodia, pela primeira vez, de Eugénia e de também de Eduardo Queiroz, diretor musical do CD. As exceções são Dentro (melodia de Pilar Homem de Mello) e Velho Mar (de Yório Gonçalves). Instrumentos acústicos que fazem sons similares aos de aparatos eletrõnicos. É um trabalho instigante e provocante.
 
POPortugal, de 2007, traz Eugénia dando sua visão a um mostruário abrangente da produção pop portuguesa a partir dos anos 70. De modo peculiar e inovador, a cantora recria temas que se tornaram clássicos em Portugal, dando-lhes novas roupagens. Todas as canções são belíssimas, entre elas Se Quiseres Ouvir Cantar e Eu Sou, de Tozé Brito, Sonho Azul e Amor, de Pedro Ayres Magalhães, o líder do grupo Madredeus, Se Eu Fosse Um Dia o Teu Olhar, de Pedro Abrunhosa, artista ligado ao rap e ao hip hop, Põe Os Teus Braços à Volta de Mim, de Antonio Pinho e Nuno Rodrigues, Asas (Eléctricas), de Rui Reininho e Tóli César Machado, e Sozinha Pelas Ruas, de Tiago Torres da Silva e Pilar Homem de Mello. A direção musical é de Eduardo Queiroz, que vem trabalhando com Eugénia em seus discos mais recentes. Ainda em 2008 será relançada pela Atração a coletânea Duetos X 16, com a cantora ao lado de grandes nomes da MPB. O disco saiu originalmente em 2001 com o título Eugénia Melo e Castro.Com. Trabalhos de qualidade, por uma artista incomum.
Publicado por Eugénia Melo e Castro às 02:43
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Quarta-feira, 14 de Novembro de 2007

Desconstrução

DES CONS TRU Ç ÃO"– Chico Buarque, o Autor”. CD duplo com 22 temas, participação de Chico Buarque, Adriana Calcanhotto, Jaques Morelenbaum, Celso Fonseca e Pedro Jóia.
 
“Intimista, clássico e imbuído de poesia, ‘Desconstrução’ vale precisamente pela ousadia dos arranjos ( de Eduardo Queiróz) e da intervenção autoral, bem como pela selecção brilhante do repertório de Buarque que, por ser tão vasto, não terá tornado fácil a missão (…) Além da colaboração de Adriana Calcanhotto (em ‘Bem Querer/Futuros Amantes’), Eugénia contou com a bênção do próprio Buarque, que com ela partilhou as vocalizações em ‘Bom Conselho’e ‘Injuriado’. Este último é a manifestação máxima da ousadia da intervenção da artista, a par com o tom de samba vanguardista que imprimiu a ‘Corrente’, as nuances jazzy que deu a ‘Olhos nos Olhos’ e ‘Com Açúcar, Com Afecto’, ou a dimensão dramática que emprestou a ‘Teresinha’.”
Vanessa Fidalgo, Correio da Manhã
 
“Começou há 3 anos, por altura da gravação de “Paz”, disco que em 2002 relançou Eugénia no mercado, com novas sonoridades e um novo produtor musical: Eduardo Queirós. Mas a ideia já vinha de trás, de há seis ou sete anos: gravar um disco só com temas de Chico Buarque(…) Eu tinha que encontrar um conceito. Como neste momento ele está muito mais interessado na parte autoral dele, na escrita, eu quis fazer um disco contemporâneo nessa área. O que já me ilibou de incluir muitas músicas que, noutras condições, eu não podia deixar de cantar: “Choro bandido”, “Valsa brasileira”, “Eu te amo”… Quem ouvir Des Cons Tru Ção vai deparar com versões arrojadas de temas conhecidos, mas desta vez com uma segurança que Eugénia não atingira nunca ao abordar o reportório brasileiro. Sem tiques desnecessários, com clareza, bom gosto e contenção no fraseado – mantendo sempre a pronúncia de Portugal, mesmo quando poeticamente se afigura difícil ou arriscado. 8/10”
Nuno Pacheco, Jornal Público
Publicado por Eugénia Melo e Castro às 14:32
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Quarta-feira, 7 de Novembro de 2007

Mariana Melo by Idiz Bogam / Bruxelas...

...Show no Teatro De Brakka Grond - Amsterdam 2007

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 02:58
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Domingo, 28 de Outubro de 2007

ASAS

E aqui está a estreia do novo video de Eugénia Melo e Castro, "Asas", 1º single do novo disco "PoPortugal". Pode vê-lo no SAPO VIDEOS , no You Tube ou já aqui:

 

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 00:58
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Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007

ON-LINE

Já está on-line o vídeo com alguns dos melhores momentos do Prémio Bravo! Prime de Cultura que aconteceu no início deste mês em S. Paulo. Oportunidade para ver ou rever a última aparição pública do saudoso Paulo Autran (o grande homenageado da noite) e a aparição de Eugénia Melo e Castro que entregou o prémio para melhor CD na categoria Música Popular.
 
Pode vê-lo AQUI
Publicado por Eugénia Melo e Castro às 14:20
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Quinta-feira, 28 de Junho de 2007

Um novo blog

A visitar em http://lusitaniedades.blogspot.com/

Música e lixo

"No meio de bandas de pressão de "Morangos" e cantos histéricos desafinados de "Floribelas", felizmente surge no panorama nacional, nomes como Pedro Abrunhosa, Eugénia de Melo e Castro, Lena d' Água que dão uma lufada de ar fresco ao lixo cultural que nos querem impor."

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 01:04
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AVISO AOS NAVEGANTES :

ESTE BLOG É (TAMBÉM) UMA BASE DE DADOS ACTUALIZADOS SOBRE EUGÉNIA MELO E CASTRO. DESTINA-SE AO REGISTO DE ENTREVISTAS, MATERIAIS DE IMPRENSA, MÉDIAS, MP3, VIDEOS, MATERIAL DE PESQUISA, BIOGRAFIA, HISTÓRIAS, OPINIÕES, CRÓNICAS, FOTOS, DATAS, AUTORES, MÚSICOS ENVOLVIDOS, ASSUNTOS RELACIONADOS, DEPOIMENTOS, LINKS RELACIONADOS, AGENDA DE SHOWS, ACTUALIZAÇÃO DE ACTIVIDADES, LANÇAMENTOS E RELANÇAMENTOS DE CDs, DVDs, PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS, GRAVADORAS, DIREITOS AUTORAIS, LETRAS, CONVIDADOS ESPECIAIS, ONDE, COMO E QUANDO.

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