Quarta-feira, 30 de Julho de 2014

link entrevista ao blog MADE IN PORTUGAL !!!

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Entrevista | Eugénia Melo e Castro

"Tinha e tenho a mesma meta desde que comecei, e não me desviei um milímetro, foquei e atirei-me de cabeça"

quarta-feira, Julho 30, 2014 Made in Portugal

Eugénia Melo e Castro, uma das cantoras portuguesas mais amadas pelos músicos e pelo público brasileiro, esteve à conversa com o Made in Portugal, onde nos falou do seu percurso, dos projectos para o futuro, e muito mais.

«a música sempre foi a primeira escolha, junto com a poesia»

Made in Portugal: Como é que uma estudante de cinema e fotografia, apaixonada pelo teatro passa a uma cantora de sucesso em terras lusas?
Eugénia Melo e Castro: Desde sempre que me ouvi dizer que queria ser cantora. Mas a arte é diversa e difusa, tudo pode experimentar, principalmente num começo de vida. Tentei ser realizadora de cinema, fotografa (fotografei profissionalmente o escritor Gabriel Garcia Marques, meu único grande trabalho, quando estudava na A.R.C.O.) e fui convidada para fazer filmes como actriz. Fundei um grupo de Teatro de Poesia Experimental, que se chamava 'Anima', fiz parte da 'Barraca'. Circulava nos meios artísticos absolutamente curiosa e com uma imensa vontade de fazer parte, sabia que era a arte a minha escolha, e a música sempre foi a primeira escolha, junto com a poesia.

MIP: “Terra de Mel” foi o seu primeiro disco, que resultou na colaboração de Wagner Tiso para a produção musical do disco. Hoje quando recorda essa viagem ao Brasil para convidar um dos mais conceituados produtores brasileiros, o que pensa? Foi inocência ou convicção que a levou a bater à porta e Wagner Tiso?
E. M. C.: Nenhuma inocência, eu tinha a certeza que iria conseguir, convicção total. Eu tinha e tenho a mesma meta desde que comecei, e não me desviei um milímetro, foquei e atirei-me de cabeça.

MIP: De onde surgiu o amor pela música brasileira?
E. M. C.: Pela compreensão sonora musical, poética e linguística. O movimento que a música brasileira estava a  realizar era o que eu desejava para mim, os sons, as ideias, as palavras, as pessoas.


«os duetos que fiz foram de coração e de cumplicidades musicais»


MIP: Já colaborou com Ney Matogrosso, Tom Jobim, Chico Buarque, Simone, Caetano Veloso, Milton Nascimento, entre muitos outros. Com quem lhe falta fazer um dueto?
E. M. C.: Se a minha vida fosse um concurso faltar-me-íam muitosss! Mas os duetos que fiz foram de coração e de cumplicidades musicais, e isso só acontece com quem se está perto e se vai conhecendo. No meu caso é assim que os duetos aconteceram, todos.

MIP: Foi condecorada com o Grau de Dama da Ordem de Infante Dom Henrique, no Brasil. O que significou para si essa condecoração?
E. M. C.: Eu fui condecorada pelo governo Português, mas foi-me entregue no Brasil por questões de protocolo. Foi bom, é sempre bom receber a atenção das pessoas, o carinho. Eu gosto de ganhar prémios, de ser reconhecida, faz parte da vida do artista ser reconhecido, ou não. Recebi das mãos do Embaixador Francisco Rebelo de Andrade, e aproveitamos a festa e fizemos o lançamento de 3 livros infantis da minha mãe no Brasil (Maria Alberta Menéres ). Foi muito bom.

MIP: “Gosto de Sol” e “30 Anos Canta Canta Mais” foram editados recentemente pela editora portuguesa Farol Música. Sendo que grande parte das suas obras tem tido o apoio de editoras brasileiras, é importante este apoio de uma editora Portuguesa?
E. M. C.: Todos os meus discos foram lançados em Portugal e no Brasil, fisicamente, ao longo destes 30 anos. Excepto esta compilação de 30 anos, que só foi lançada em Portugal, e o “Um Gosto de Sol”, que só foi lançado no Brasil, e em Portugal esta lançado digitalmente pela Farol, para todo o Mundo.

MIP: O que podemos encontrar em cada um dos discos?
E. M. C.: Nos '30 anos', são 2 cds, o primeiro é só duetos, que eu fiz nesses 30 anos, e o segundo disco são algumas músicas já conhecidas e  mais sete músicas inéditas.

O outro cd é o meu mais novo cd, "Um Gosto de Sol", foi gravado em Belo Horizonte, em Minas Gerais, tem muitos convidados mineiros, cúmplices, desde o meu primeiro passo na música no Brasil, Milton Nascimento, Toninho Horta, Túlio Mourão, Chico Amaral, Wagner Tiso, entre outros, e tem na produção Robertinho Brant, que foi um mestre genial na condução da produção musical, e me ensinou a cantar de uma outra maneira, bem mais cool e diferente. É um disco divisor de águas, é uma outra espécie de leitura e homenagem a Minas Gerais, que eu considero o estado brasileiro mais parecido com Portugal.

 

«Tudo e nada pode servir de inspiração»


MIP: Em que se inspira para escrever/compor tão belas canções?
E. M. C.: Na vida, na solidão, tão amada pelos artistas, nas distâncias, nos acontecimentos às vezes nada importantes nem especiais, mas que por um milésimo de segundo o foram. Tudo e nada pode servir de inspiração. Temos de estar atentos ou desatentos a tudo. Um livro, um filme, uma outra música...

MIP: Para o futuro, há novidades? Novos temas?
E. M. C.: Novo cd, desta vez infantil, baseado no livro "Conversas Com Versos" da minha mãe, do ano 69. Está pronto, e deve sair em breve, até ao Natal está cá fora.

MIP: No dia 30 de Julho fará uma participação especial no concerto de Susana Travassos no B. Leza. Mas concertos a solo em portugal, algo previsto?
E. M. C.: Eu adoro a Susana, revejo nela muitos sinais de coragem e de qualidade que me interessam muito. Vai ser um show dela, eu só vou aparecer 3 minutos.

MIP: Muitos dizem que o sucesso que tem vindo a ter no Brasil contribuiu muito para a aproximação entre os dois países, no que toca à música. Concorda que é uma das principais responsáveis por tal?
E. M. C.: Eu fui a primeira da minha geração. Desde os anos 40 que muitos artistas portugueses por lá andaram a fazer grandes trabalhos.

MIP: Há músicos que afirmam que o povo português só dá o devido valor à nossa música, quando primeiramente é lhe dado destaque no estrangeiro. Concorda? Porque acha que isso acontece?
E. M. C.: Isso acontece talvez por causa do tamanho do nosso mercado, que é minúsculo, mas no Brasil por exemplo também é super importante para os artistas viajarem e serem reconhecidos no estrangeiro. E lá o mercado interno deles é imenso. Acho que para todos os artistas serem reconhecidos fora dos seus países é uma parte importe das suas carreiras, é uma meta comum.

MIP: Existe alguma mágoa por ter mais reconhecimento no Brasil do que cá em portugal?
E. M. C.: Acho que falta de comunicação e a minha preguiça, são bastante culpados disso. Estou apenas menos visível nas televisões em Portugal, o que seria importante, fazer uma rodada de programas e de promoção e espectáculos por aqui, isso sim.

«não acredito muito em vendas de discos, acredito mais em shows, em tournée, em clips no youtube. Tudo está esquisito!»


MIP: Reparei que no seu blog tem quase toda a sua discografia disponível para download gratuito. O que a levou a disponibilizar os seus temas para download gratuito?
E. M. C.: Eu não sou dona desse link que disponibiliza alguns cd’s meus online gratuitamente, mas gostei da ideia de alguns discos que não estão no iTunes estarem lá, tipo o "Coração Imprevisto", por exemplo, e coisas do tempo la atrás. Eu só não posso concordar quando tenho contratos assinados online com editoras discográficas, estou a tentar que esses saim da lista.
Eu sou dona de 80% do meu catálogo e não acredito muito em vendas de discos, acredito mais em shows, em tournée, em clips no youtube. Tudo está esquisito! Por outro lado temos de proteger os autores, isso é uma faca de dois gumes.

MIP: De um modo geral qual a sua opinião sobre a música actualmente feita em Portugal e a (intitulada) nova geração de músicos portugueses?
E. M. C.: Acho que tem muita gente nova muito boa a cantar e a compor, a acreditar na música. Isso é muito bom. Gente tipo a Susana Travassos. Mas por exemplo, esses concursos de talentos acho gastos e antigos, e sem perspectivas reais. Mas cada caso é um caso, e o talento está onde menos se espera, e isso sim, é o que importa. O resto é focar e acreditar. E trabalhar muito!

Publicado por Eugénia Melo e Castro às 17:11
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