Quarta-feira, 9 de Janeiro de 2008

Carioca de (al)gema!

“Carioca de Algema”, o disco de Carlos Lyra lançado em 1994 e que conta com a participação de Eugénia Melo e Castro no tema “Amarga vinha”, vai ser relançado brevemente segundo o próprio cantautor! Segue um texto da autoria de Sérgio Cabral aquando do lançamento do disco no mercado:
 
“Carioca de Algema, com Carlos Lyra, é um disco de um dos nossos maiores melodistas de todos os tempos e do compositor que, sendo um dos nomes mais expressivos da moderna música popular do final da década de 50, comandou, no início dos anos 60, o movimento que formalizou o casamento definitivo das novidades introduzidas pela Bossa Nova com a música popular brasileira tradicional. Não tenho a menor dúvida de que a geração de Edu Lobo, Marcos Valle, Francis Hime e, pouco depois, a de Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram influenciados pelas pregações e pela própria música de Carlinhos Lyra.
 
Por tudo isso, considero o lançamento de um disco com a obra desse compositor, violonista e cantor um acontecimento muito especial. Afinal, trata-se de artista dotado de uma biografia privilegiada, autor de algumas das músicas mais bonitas da segunda metade do século e com uma carreira que ultrapassou as fronteiras do Brasil (Jacqueline Kennedy confessou que a sua música predilecta era Maria Ninguém, de Carlos Lyra). E, como se não bastasse tudo isso, Carioca de Algema vem com o frescor das novidades, pois quase todas as músicas interpretadas por ele jamais participaram de qualquer disco.
 
E como anda o nosso Carlinhos? Para começar, confesso que meu coração carioca vibrou com as manifestações de amor do artista pelo Rio de Janeiro, exactamente num momento em que a cidade mais precisa de carinho. A começar pela música que dá título ao disco (letra do compositor bissexto Millôr Fernandes) até as confissões apaixonadas de Em tempo, eu te amo..., passando pela doce canção dedicada ao bairro de todos nós, aqui chamado de Y-panema.
 
No mais, continua compondo sozinho (também domina muito bem a arte de escrever letras de música) e com excelentes parceiros, como Paulo César Pinheiro, Heitor Valente e Daltony Nóbrega. E ainda se dá ao luxo de estabelecer, com a ajuda da sua mulher, Kate Lyra, o casamento harmónico de um clássico da música norte-americana, Bewitched (Rodgers-Hart) com dois clássicos de António Carlos Jobim, Esse seu olhar e Discussão este em parceria com Newton Mendonça. Outra participação no disco, além de Kate, ficou por conta da excelente cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro, na interpretação do belo fado Amarga Vinha. Por falar em participação, o disco - enriquecido pela presença de alguns dos melhores instrumentistas brasileiros na execução dos arranjos do mestre António Adolfo.
 
Outra boa marca de Carioca de Algema - a constatação de que Carlos Lyra atravessa uma fase em que não hesita na opção por qualquer género musical. Nada se repete. O disco acaba oferecendo um painel de vários estilos musicais, surpreendendo até admiradores como eu, que não conhecia Carlinhos como autor de choros, um tipo de música ao qual dedico especial afeição.
 
Enfim, Carlos Lyra continua titular absoluto da selecção brasileira de nossa música popular.”
 
Sérgio Cabral, 1994
Publicado por Eugénia Melo e Castro às 02:16
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